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Balada dos homens velhos
Atualizado: 26 de mar. de 2023
Texto a figurar muito em breve no livro Poemas proscritos e nada exemplares
Como posso não caminhar patético
se todo nosso lapidar efêmero
muda do azul para um tom mais cético
é fuga do sul, tombo no regresso ?
Como posso advinhar que o épico
fogo-morto há de tocar no féretro
em curvas de luz, à sombra de um hermético
em busca do nu, fonte no deserto?
Como posso avaliar o vento
com o sol no rosto a passear no tempo
se em dunas não pude moldar projetos
se em rugas me pus a empurrar o êmbolo?
Como posso olvidar o mérito
de ter corpo, se aos poucos já sem ar os velhos
são musos das putas, ronco nas refregas
a subir às nuvens, a sonhar com infernos?
Waldir Barbosa Jr.
@anfetaminadialetica
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