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Elegia ao poeta maior

Atualizado: 15 de out. de 2020

A Carlos Drummond de Andrade, pelo seu 117º aniversário (1902 - 1987)


Elegia ao poeta maior
Carlos Drummond de Andrade

O poeta retine em nossas almas

sua lavra, afiada e corrosiva, nos vasculha e redelimita. Nos vemos menores ainda


Mas no breu, no fundo da luz vazia, cegados por ritos de eremita nós encontramos salvação


Ateia que seja, porém, sob cruzes e orchs diminutas relíquias de outrora, algo nos instiga


a perseverar, buscar o que não significa, apenas vem, vai, maré de ossos que tilintam e ecoam nas galerias onde insídias


Brotam como flores do mal, não como rosas do povo cujo olor se mistura ao vapor róseo que fecunda a treva noturna


Sua poesia avulta a verve e nos cacos dos olhos as retinas nos ferem de tanta opacidade ácida e implosiva


Ficamos entre os restos e as rezes, resilientes nos damos as mãos. Ninguém quebra a corrente e seguimos, não sabendo se vamos em frente, ou não


Waldir Barbosa Jr.


Imagem: internet


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