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Entrevista com o autor

Atualizado: 4 de mar. de 2019

Felipe Fleury, poeta e advogado, fala sobre seu primeiro livro de poemas e muito mais


Felipe Fleury
Felipe Fleury

Poesia será sempre bem-vinda nesse blog, eu comecei a lide de escritor escrevendo poemas. Metrificados, livres, com rimas soantes, toantes, drummondianos, cabralinos, bandeirianos, a poesia me encanta. O poeta em questão é Felipe Fleury, advogado, que conheci no Facebook por oportunidade do lançamento de meu primeiro livro, a biografia esportiva de João Coelho Netto, o Preguinho, atleta do Fluminense, clube pelo qual ambos torcemos. Contato mantido durante quase 5 anos, Felipe vem se mostrando um poeta estudioso da matéria sobre a qual se debruça, versificando com extrema competência e sensibilidade. Seu primeiro livro, que de antemão já torço para que seja sucedido por muitos outros, chama-se O Pó do Caminho, e veio ao mundo em uma edição bacana e bem acabada.

Ao criar esse blog, achei de cara válido entrevistá-lo, assim nos familiarizamos com as opiniões do poeta; eis as perguntas e as respostas que transcrevo agora:


1) Felipe, recentemente você lançou seu primeiro livro, de poemas, "O Pó do Caminho". Quais são as suas mais significativas inspirações para escrever?


Posso dizer que a minha inspiração vem 90% do que leio e apenas 10% do que acontece em meu redor. Desde que me interessei pela poesia, há cerca de três anos, passei a ser um leitor voraz de poemas, e um verso, uma palavra, um ritmo, às vezes me tocam a ponto de criar em mim a necessidade de escrever algo. Nem sempre se transformam em poemas, mas é daí, do que leio, que basicamente retiro inspiração para escrever.


2) O que você diria de "O pó do caminho", são poemas que abrangem qual período?

Juventude ou idade madura, ou uma mescla dos dois períodos?


Na verdade, como comecei a escrever depois dos 45 anos, posso dizer que abrangem a minha “juventude poética” num corpo (biológico) já maduro. Mas, por certo, embora sejam os primeiros poemas, carregam alguma maturidade – não poética, é bom que se diga – decorrente de minha própria experiência de vida.


3) Você prefere o verso livre ou metrificado? Qual a geração que mais aprecia, a Modernista ou a de 45?


Quando comecei a me interessar pela poesia, li primeiramente os parnasianos e românticos. Foram eles quem, inicialmente, me inspiraram a escrever; procurava imitá-los criando sonetos, sem preocupar-me com a métrica, contudo, que só vim a conhecer posteriormente. Depois, conheci Manuel Bandeira e o modernismo e me apaixonei por sua poesia. Hoje, leio os contemporâneos e escrevo basicamente o verso livre, mas sem abrir mão de algum ritmo, musicalidade e uma e outra rima, que considero imprescindíveis na minha construção poética.


4) Dentre os clássicos e os mais novos, quem você destaca como bons poetas?


São muitos que li e, certamente, ainda há muitos que não li. Dos clássicos que li, não poderiam faltar em qualquer lista: Camões, Bocage, Quental, Fernando Pessoa (não sei se o enquadro como clássico), Sophia de Mello Breiner Andresen, todos estes portugueses. Brasileiros: Raul de Leoni, Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Castro Alves, depois os mais modernos, Manuel Bandeira, Jorge de Lima e os contemporâneos, Drummond, Gullar, João Cabral, Eucanaã Ferraz, Antônio Carlos Secchin, Armando Freitas Filho, Adriana Lisboa, Adriane Garcia, Bruna Beber, Paulo Henriques Brito, Hilda Hilst, por exemplo.


5) Além da literatura, o que mais você curte em termos de arte?


Minha paixão é a poesia e sobra muito pouco de mim para outros tipos de arte, embora goste de uma boa música, como a de Leonard Cohen, por exemplo.


6) Prosa faz parte de seus planos um dia?


Quando comecei a escrever, arrisquei alguns contos, mas não gostei do resultado. Acho que não sou um bom contador de histórias. Já escrevi algumas crônicas que foram elogiadas, mas, definitivamente, não acho que seja a minha praia.


7) E o próximo livro, já em curso? Há como nos brindar com um velho - e necessário - aperitivo?


Assim que publiquei “O pó do caminho”, encerrei um ciclo, o dos primeiros poemas, aqueles que eu precisava dar vida para me livrar de uma espécie de peso sobre os ombros. De lá para cá, já escrevi bastante, mas ainda preciso avaliar o que presta ou não para ser publicado. Este segundo livro, se vier a ser publicado, será certamente mais maduro (poeticamente falando) que o primeiro, que foi mais uma espécie de “satisfação” para a família e amigos que, ao tomarem contato com a minha poesia, pediam que eu escrevesse um livro. Como aperitivo desse eventual segundo livro transcrevo um poema que foi premiado no 34º Festival poético do Sesc/PR, em 2018:


Colapso


O que vive

é o que me inspira:


a mosca, voo interrompido

no aço da teia invisível;


o cotidiano da formiga

sob o passo apressado;


o peixe, espasmos de prata

no cabo de guerra invencível;


o inocente sobre o chão de corpos,

alvo fixo na parede de chumbo.


O que me inspira vai

até o vão da vida


e desaparece no lapso

do instante inexorável.


Viver é sobreviver

até o colapso.


 

  • O Pó do Caminho

  • Poesia

  • 88 páginas

  • Editora Penalux

  • Link de venda:

  • https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/o-po-do-caminho

Imagens da matéria: cedidas por Felipe Fleury

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