Buscar
O vazio e o cheio
Atualizado: 23 de jul.
Um poema para um livro
O copo está cheio, mesmo que de ar.
Essa ausência contém memórias, cheiros. Alguns
são pútridos, outros cálidos.
Dentro desse aparente nada flores nascem,
egos inflamam, como se eternos fossem.
Há nele uma doce e tênue imortalidade
que só dura o tempo que lhe cabe.
A morte não se sustenta nas paredes
frágeis do cristal impenetrável,
os piores pensamentos não resistem,
fragmentam-se em nódoa e névoa.
O copo está cheio de lacunas,
vazios, sombras projetadas
na retina do olho de vidro fosco
que insiste a mirar-me, de soslaio
Waldir Barbosa Jr.
@anfetaminadialetica
Comments