Eu havia
Atualizado: 11 de set. de 2022
Um poema para minha Dulcinéa da Piedade
Eu havia
Eu havia de beijar teus olhos
sagrados e profanos, urbe et orbis que o malsão desfruta como maçã do eden fosse, tua boca a língua lancinante passando em todo o corpo,
que vocifera como amante
Eu havia de ranger os molares como a ti buscar pela treva espessa me enredando dentro de ti íngreme malha de segredos, ávido por tua carne, canibal primevo
Eu havia de mergulhar meus braços
em tua alma exangue, matéria sacra,
leviana e lassa, como um argonauta
em busca de pélagos que o velocino,
áureo como trigo, envolve
em missão alçada ao vento,
que leva e traz a mulher amada, despetalada
sem sacrifício,
imersa na eterna sagração dos corpos
Eu havia.
Waldir Barbosa Junior
@anfetaminadialetica
Poema que fará parte de Poemas Proscritos e Nada Exemplares, a ser lançado ao vento uma hora dessas, no Clube de Autores.
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