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O Homicídio de Electra

Atualizado: 15 de out. de 2020

Mais um poema de Poemas Proscritos e nada Exemplares, que será lançado esse ano pelo Clube de Autores


Poemas Proscritos e nada exemplares
Poemas Proscritos e nada exemplares

Electra, que era irmã de Orestes

Decidiu que a nobre banheira

com sua água derradeira

- que em terra vil se convertera -

era um esquife, e merecido


Electra, insurrecta aracnídea

tecendo com nervos e fios

com pseudo-afeto ergueu o cerco

brindou com o fel a perfídia

(espúrio e cruel desígnio)


Electra, filha tão dedicada

concebeu a morte da mãe

(funéreo ato que encenado

imbuía o brother da adaga

prócer de coração apátrida)


Electra, hirta, ao irmão-homicídio

deu as mãos, passo sincopado

à vingança tão cara à alma

lustrada por tantas palavras

boiando na borra do vinho


Electra, com dna do morto

fazia as vezes de escrava

um dia a liberdade irmanada

ao espectro do pai seguia

para inscrever novo capítulo


Electra, em idos inconhecidos

retramou a morte dos vivos

(diante do acontecido

o pai desejou bons augúrios

perto de Pílades, o Filho)


Electra, tal qual a maioria

chorou a morte da rainha

como se fosse uma vítima

condenada aos ritos de Tróia

do destino tão indestino


Waldir Barbosa Jr.


Imagem editada: internet

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