Poemas de sexo e amor
Atualizado: 23 de jul.
Dois poemas
Orandi Cibum
Quero-te, a carne profana, incandescente
como os sóis de rotas famélicas.
Em teus seios tateio, a buscar
o regozijo, a redenção transcendente.
Com a lâmina febril dos meus dentes,
arrebento a nudez que nunca se veste.
Caio vencido, ante os sortilégios
que à alma imprimem o tédio.
Tal qual tatoos na manhã, ou sob a lua de Hécate,
Sou um cão de pastoreio a uivar na planície,
assistindo aos trilhos do silêncio descarrilado
desaguarem na colisão de corpos, expandidos
em frames de era digital.
O amor vai à praia, ao cemitério lunar,
às ondas nunca surfadas, aos pés de Afrodite.
As sandálias emprestadas a Hermes
nunca foram tão necessárias. Um vôo de pássaros
elide e nos abraça. Somos asas a planar
em universos de drama e de comédia.
Faltam-nos os roteiros dos decadentes périplos
por onde passeamos tantas vezes, de mãos dadas,
em conluio com os náufragos. O alto mar abraça
a inatingível pedra que os céus mantém suspensa
para que a miremos. Totem onde homem e mulher
se rendem aos temores do espírito, mas se entendem
falando a língua dos corpos.
Inteiras metades
Metades que se interpenetram.
Metades com personalidade própria, indeléveis.
Metades que ao se tocarem ateiam fogo e mergulham
no mar de abismos e êxtases.
Há nisso um notório consenso.
Invólucro e haste que se fundem
no átimo poluto da efemeridade.
Waldir Barbosa Jr.
@anfetaminadialetica
Comentários