Opinião: A Morte te dá Parabéns 2
Atualizado: 7 de jan. de 2022
Quando uma continuação é melhor que o filme que lhe deu origem
Sabe aquela sensação de já ter passado por aquele lugar, por aquela pessoa, por aquele momento? Sim, em francês chama-se déjà vu , em inglês revival, em português talvez coubesse um neologismo criado pelo gênio Guimarães Rosa: alumbramento. A Morte te dá parabéns 2 (Happy Death Day 2) é daqueles filmes do gênero terror slasher que você uma hora ou outra vai querer assistir de novo, na mesma vibe do looping temporal que é o mote da trama, e que não é tão original assim. Em 12:01, de 1993, Déjà vu (2006), Contra o Tempo (2011) e No Limite do Amanhã (2014), só para citar esses, a personagem central volta ene vezes para tentar descobrir quem cometeu um crime ou para mudar o destino do (seu) mundo. Em A Morte te dá 2 não há essa pretensão toda, o drama e a comédia são centrados na reviravolta existencial de Tree Gelbman, papel de Jessica Rothe, que entre caras e bocas consegue dar o tom certo para a moça marrenta e cheia de badtrip do primeiro filme e em versão revista e mais humanizada da sequencia. No 1 ela descobre-se perseguida por um assassino achando não saber o por que (seria seu jeito estúpido de ser, e de dizer?) e se vê 11 vezes às voltas com seu assassinato, em versões cada vez mais hilárias; no 2, tendo como companheiro em sua jornada de redenção investigativa novamente o quase ex-namorado Carter Davis, vivido pelo ótimo menino de bonito vozeirão Israel Broussard, ela tem inclusive a chance de mudar o passado e o futuro e consequentemente o presente, a partir de uma máquina, provavelmente inspirada na de H. G. Wells, criada pelo japa nerd Ryan Phan (Phi Vu) e seus colegas não menos geniais Sumar Gosh e Andrea Morgan (Suraj Sharma e Sarah Yarkin), que também assumem papel relevante na trama.
Seguindo um caminho alternativo para filmes desse tipo, mas sem deixar ao abandono os velhos e bons clichês do gênero, esse A Morte 2 dialoga de modo explícito com seus antecessores Pânico e Eu sei o que vocês fizeram no verão passado no que toca ao arcabouço em que rolam assassinatos coletivos, mas tenta dentro do possível flertar também de maneira original e xerocada com outros filmes que o precedem, citando De Volta para o Futuro e 12:01 de forma a homenagear o gênero; há diversas passagens de boas sacadas e auto-zoação, além de nos brindar com a proeza de emocionar em determinado momento, fazendo refletir de forma tocante sobre as idas e vindas da existência e nas tais segundas chances.
Produção americana (2018)
Gênero: terror slasher, com toques de drama e de comédia
Direção: Christopher Landon
Elenco:
Jessica Rothe (Tree Gelbman), Israel Broussard (Carter Davis), Suraj Sharma (Sumar Gosh), Sarah Yarkin (Andrea Morgan), Rachel Matthews (Danielle), Ruby Modine (Lori) e outros
Nota: 9,0, com louvor
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