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Opinião: Capitã Mar-vel

Atualizado: 20 de mar. de 2019

O super-heroísmo americano se reafirma novamente outra vez em versão woman pseudo-empoderada


Capitã Marvel
Capitã Marvel

Lá fomos nós de novo assistir a filme de super-herói americano... Eu e Waléria havíamos nos prometido não cair ante a promessa da sereia, mas sabe cumé, uma ida à Madureira em um dia quente pede uma passada pontual ao shopping, que na hora do almoço desemboca em fominha que passando das duas leva a uma matinê em uma sala de cinema, diga-se em forma de trailler, de acomodação excelente, ar gelando, pessoas civilizadas assistindo de boa, uma maravilha...


Poderia ter sido uma experiência nota 10? Poderia, mas não foi; Capitã Marvel peca em muitos detalhes para ser considerado um filme top ten, top twenty ou até top fifty. A começar pelo roteiro, fraquinho, com falta de vitamina e sais minerais. A piloto de caça a serviço do exército alienígena-americano Carol Danvers, interpretada por Brie Larson - em atuação bem mais ou menos - surge na tela na forma de pesadelo, em que sua chefe, mentora e espécie de segunda mãe, Supreme (vivida por Annette Bening), e um oponente alienígena, representante da inimiga raça Skrull, são as personagens principais do bad dream deVers, como é conhecida nesse momento de abertura da película. Treinada pelo líder da guarda Kree, tida como a raça dos goodguys, Yon-Rogg (Judy Law, canastraço como na maioria dos filmes em que participa) e fazendo parte de uma espécie de força-tarefa contra os inimigos, que pleiteiam em certo momento dominar a galáxia, incluindo no pacote maquiavélico invadir a terra, Carol tem que lidar com seus super-poderes oriundos não se sabe de onde, pelo menos até o terço final, onde a moça compreende o poder de sua força e as responsabilidades por tê-la.


Na primeira parte temos as melhores cenas, onde o conhecidíssimo Nick Fury, do lendário ator Samuel L. Jackson está soberbo, fazendo piadinhas de tudo como nunca, fugindo a certo rabugismo notório em todas as sequencias dos Avengers ou dos Capitain America. Carol cai de para-quedas, ou melhor, de nave espacial, na terra, que é chamada aqui de Zona C-53. Em busca das respostas para seus pesadelos e dèja vus Carol vai até o ponto em que a Capitã Marvel afinal surge, com direito ao upgrade de seu suit para cores vermelho-azul, em clara analogia à bandeira dos USA. Nesse momento ela se imbui de salvar o mundo, que corre perigo...


A questão do super-herói nos moldes norte-americanos me incomoda bastante. É uma dissertação em forma de cinema das vantagens de ser americano, o que implica dizer salvador da pátria, seja ela o nosso mundinho medíocre ou nações interestelares. Penso que a figura do super-mito, aquele que vai matar os bandidos, sejam eles quem forem, é a forma como a América expressa sua visão imperialista, de domínio do que não compreende ou do que não se coaduna com sua forma de encarar as diversas estruturas político-econômicas contrárias, de entender que há outras culturas e que essas devem ser respeitadas, rechaçadas as diferenças e os juízos de valor. Fora da curva vejo apenas os 3 primeiros Spider-man, do Sam Raimi, onde um cara nerd tímido e cheio de assumidas fraquezas acaba virando um paladino da justiça com grandes poderes e grandes responsabilidades, e a safra X-Men, que toca na questão da intolerância de uma forma animadora, com heróis cheios de angústia e temor pelo que virá. De antemão digo que detesto a figura execrável de Tony Stark, a empáfia do deus mauricinho Thor e a marra truculenta e a serviço da nação do Capitain; os outros até que descem, acho Hulk dicotômico e interessante desde os tempos do seriado, com Bill Bixby e Lou Ferrigno vivendo Dr. Banner e seu alterego verde e nervosinho (aquela música ao final sempre me fazia chorar).


Saindo de minha digressão acho Capitã Marvel um filme ok dentro da proposta, uma meia-bomba onde não percebo o tal empoderamento, calçasse uma calça jeans e falasse grosso, a personagem-título faria as mesmas coisas, diria as mesmas frases evasivas e sem punch, não há nada nela que leve a uma figura feminina se destacando no universo de Hq's, nada que leve a dizer: essa mulher é f;

Mulher-gato, Mulher-maravilha, Mulher-elástico (a dos Incríveis) e as mulheres de Pantera Negra são sim empoderadas, e fazem uso do gênero feminino de forma marcante e que vale a reflexão sobre seus gestos e situações vividas. Talvez seja a questão do empoderamento militar que a mim não agrade, não sei, mas essa Capitã que vi em campo de batalha não me agradou, vamos ver se no próximo Avengers ela afinal mostra suas armas de sedução e diz ao que veio.


Menção à única que talvez possa carregar o adjetivo de empoderada nesse filme: Lashana Lynch, no papel de uma pilota terráquea, parceira e comadre de Carol, Maria Ramb (ou seria Ramba?)

 

Produção americana de 2018

Direção: Ana Boden/ Ryan Fleck

Duração: 2 horas e 5 minutos


Elenco:

Brie Larson (Carol Danvers - Capitã Marvel), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Jude Law (Yon-Rogg), Lee Pace (Ronan), Ben Meldelsohn (Talos - Keller), Annette Bening (Supreme), Lashana Lynch (Maria Ramb) e outros

Nota: 6, com boa vontade
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