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Entrevista com o ator Tuca Andrada

O excelente ator falou sobre vários temas, passando pelo inevitável assunto pandemia, e de sua nova peça teatral, o monólogo musical

“Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo", sobre o poeta e intelectual Torquato Neto, um dos fundadores do movimento musical Tropicália

Tuca Andrada, ator e diretor

A entrevista dessa semana é com ninguém menos que um ator muito querido pela turma aqui do blog, falamos de Tuca Andrada!


Pernambucano nascido no Recife, José Ivaldo Gomes de Andrade Filho nasceu em 1964, ano da famigerada revolução civil-militar. Talvez até por isso, Tuca, como é conhecido desde menino, tenha no dna a resistência e o espírito combativo, sempre a favor das causas humanas, lutando, através da atuação artística, contra o establisment. Atuou ao longo da carreira de quase quatro décadas em diversos emissoras, passando por Globo e Record, fazendo diversos trabalhos relevantes, com personagens marcantes. Para nós o golpista sedutor Kaique Oliveira, personagem antagonista de Da Cor do Pecado, novela exibida em 2004 na Rede Globo, de autoria de João Emanuel Carneiro (onde atuavam Lima Duarte, Aracy Balabanian, Thaís Araújo, Reynaldo Gianechini, Guilherme Weber e outros), é inesquecível, fazendo par com Giovanna Antonelli (interpretando a personagem Bárbara).


Mas não foi só na telinha que Tuca brilhou. Tendo como formação o teatro, onde começou ainda garoto, ele atuou em 27 peças e musicais como ator e em duas delas como diretor (Por Que Será Que as Amamos Tanto? e Os Nordestinos).

Na tela grande, Tuca também desfilou seu talento para compor diversos tipos, trabalhando em mais de 20 filmes, dentre esses Quem matou Pixote? , onde ganhou os prêmios de melhor ator coadjuvante, ganhos no Festival Internacional de Cinema de Cartagena e no Prêmio Guarani do Cinema Brasileiro (1996/97).


Nos últimos tempos, Tuca tem exercido importante papel nas frentes de batalha digitais, lutando com seu pensamento e suas convicções em busca de uma sociedade mais justa e democrática, extremamente debilitada por uma pandemia e pelo período Bolsonaro, e atualmente encontra-se em cartaz com sua peça “Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo", sobre o poeta e intelectual Torquato Neto. No monólogo Tuca interpreta canções do poeta piauiense, um dos fundadores do movimento musical Tropicália, ao lado dos intérpretes e letristas Tom Zé, Gilberto Gil e Caetano Veloso, entre outros.


Resumo da ópera: Tuca Andrada, esse ator completo, respondeu assim às 7 perguntas de nosso blog:


7 Perguntas para Tuca Andrada:


1) Tuca, passamos por um período reconhecidamente avesso às artes, principalmente as subversivas e questionadoras. Como recuperar o tempo perdido? Ou não foi perdido?


A Cultura e as Artes nesse país sempre foram consideradas um artigo de luxo pelo Poder Público, melhorou um pouco desde a era Fernando Henrique Cardoso e nos anos PT teve a melhor performance. Com a Era da Ignorância promovida pelo governo Bolsonaro piorou a níveis estratosféricos. Acho que tudo serve pra algo, nada é totalmente perdido e o que temos a ver com essa fase nos ensinou. A Pandemia também prejudicou bastante. Centenas de teatros, no mundo todo, fecharam as portas, as companhias de teatro tb sofreram muito. Mas a tudo isso nós artistas resistimos e o Teatro também. Sobreviveremos.


2) Dentro de sua arte, há muitos colegas de profissão que renderam-se ao movimento de “instagramar” e “youtubetizar” tudo, inclusive fazendo uso contínuo das redes sociais para divulgar marcas de inúmeros produtos de consumo. Você tem um julgamento sobre isso ou “cada um com seu cada um”?


Acho que cada um é cada um. Se vc quer usar suas redes sociais só pra comércio, isso é um problema seu e da sua consciência. Paralelo a isso vi que também muitos colegas meus aproveitaram esses dois fatores (pandemia e governo da ignorância) para criar coisas ótimas nas redes sociais e provocar debates que realmente valem a pena. Porém muito lixo tb foi produzido.


3) A arte teatral foi uma das que mais sofreu com o período intenso da pandemia. Como foi para você conviver com ela? Como você se reinventou?


Eu li, estudei muito, vi muitos filmes que não tinha conseguido ver e elaborei o projeto de “Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo", sobre o poeta Torquato Neto. Apesar da tragédia sanitária que vivemos, tentei fazer desse tempo algo produtivo.


4) Inevitavelmente eu tenho que perguntar: onde se sente mais pleno? No palco?


Sim, é minha casa.


5) Hoje, com tantas possibilidades de mídia, pirataria a pleno vapor para download de filmes, livros, etc. e IA sendo cada vez mais disseminada como meio de se produzir um novo tipo de cultura digital e mais que isso, tecnológica, como você vê o futuro?


Acho fantástico, estamos vivendo uma explosão do audiovisual no mundo todo e isso também tá acontecendo aqui no Brasil. A possibilidade de termos mais e mais formas de comunicação e produção artística me parece fascinante. E o Teatro não morrerá com isso, o Teatro esta para morrer desde a invenção do Cinema, rsrsrs.


6) Quais são suas principais referências audiovisuais? O que você curte de música, cinema e teatro, que possa e deseje nos contar?


Putz, tem muitos e diversos. No Cinema Kubrick, Visconti, Glauber é seminal pro cinema brasileiro, aliás, o cinema brasileiro vai muito bem de criadores. O espaço é pequeno pra falar tds que gosto. Em música escuto de tudo e também tenho visto muita gente nova e talentosa. Literatura sou fã de Borges, sempre volto a ele, mas toda literatura Latino americana me encanta muito. Adoro contos tb. E no Teatro tivemos nos últimos 30 anos a consolidação de muitas companhias de teatro em todo o Brasil, apesar das dificuldades.


7) Você promoveu com sucesso um financiamento coletivo para sua peça, que já está em cartaz no Recife, nos fale por gentileza do que trata a obra!


Sim, e isso foi muito proveitoso pra imprensa marrom, rsrsrsrs. Fico feliz que eu os tenha ajudado, rsrsrs. O projeto chama-se “Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo” e é baseado na vida e obra do poeta piauiense Torquato Neto. Estreamos em Recife , ficaremos ate fim de março e estamos tentando circulação com ele. Esse é um projeto antigo e que produzi com meu próprio dinheiro. Lancei uma vaquinha e consegui a metade do que pedi, já é uma grande ajuda e sou grato por isso. Como falei lá em cima, esse projeto começou a se tornar realidade durante a pandemia, era a minha fuga daquela loucura toda.


Desejamos ao Tuca e a sua peça toda a merda do mundo!

Assim como agradecemos a gentileza e a receptividade ao nosso contato.


Tuca Andrada, no monólogo Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo

A peça encontra-se em cartaz no Teatro Apolo, sala Hermilo Borba Filho, no centro do Recife, até o fim de março. Sextas e sábados às 20:00 h, domingos às 20:00 h.

  • Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo

  • Produção, direção e atuação: Tuca Andrada

  • Codireção: Maria Paula Costa Rêgo

  • Direção musical: Caio Cézar

Contato: @TucaAndrada3


Imagens da internet gentilmente cedidas pelo ator


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